O rabino Abraham Skorka, nascido em Buenos Aires, Argentina, é professor de Bíblia e Literatura Rabínica no Seminário Rabínico Latino-Americano, criador da cadeira de direito hebraico nas universidades de Buenos Aires e de Salvador, Reitor do Seminário Rabínico, Doutor Honoris Causa pela Universidade Católica da Argentina.
Ao lado de Jorge Bergoglio, então arcebispo de Buenos Aires, hoje o Papa Francisco, Abrahan Skorka é uma das duas maiores autoridades religiosas argentinas. Das conversas semanais entre ambos, onde não havia assunto proibido, as conversas giravam em torno de temas como o ateísmo, celibato, homossexualidade, aborto e divórcio.
Reproduzimos aqui algumas reflexões do rabino Skorka sobre o Papa Francisco, contidas no livro “Sobre o Céu e a Terra, um guia adequado para entender a cabeça do Papa Francisco, o jesuíta com comportamento franciscano”.
Sobre a confissão
Deus não aprecia sacrifícios se estes não vêm acompanhados do arrependimento, da mudança de atitude, da busca da justiça e da retificação do pecado.
Sobre os padres pedófilos
A Igreja deve ser um espaço que abrigue um compromisso real com a justiça, a verdade, a misericórdia e tudo o que aparece no Evangelho.
Sobre a homossexualidade
A Bíblia não aceita a homossexualidade. No entanto, Francisco e eu vivemos e apoiamos a realidade democrática, que preza o direito de escolha de cada um. Nós sempre estivemos abertos para escutar os homossexuais. Concordamos com um contrato do ponto de vista material, de direitos e obrigações. Todos têm direito de escolha, desde que isso não prejudique os demais. O que rejeitamos é que esse acordo seja chamado de casamento ou que haja uma opção que envolva filhos. Isso seria o que Bergoglio denominava retrocesso antropológico.
Esse assunto deve ficar como está, porque não existem respostas. O cristianismo não tem resposta, o judaísmo também não. É uma norma que aparece na Bíblia, é parte do credo. Todas as normas referentes à sexualidade são questões de fé.
Sobre o Céu e a Terra
Toda religião deve ser dinâmica e ter uma atitude de busca por Deus. Ninguém pode dizer que sabe exatamente qual é a verdade e que todos devem aceitá-la ou serão destruídos. Deus diz: “Busca-me e lhe direi” (versículo do livro do Profeta Amós)
Sobre o fundamentalismo - Qual o norte do Papa Francisco?
Uma das maneiras que o Papa pode fazer é reforçar os gestos em favor da paz. Vivemos em um mundo cada vez menor e estamos mais unidos uns aos outros. Quando alguém se espiritualiza, arrasta muitos para o mesmo caminho. Se um indivíduo defende fortemente a paz, talvez muitos fanáticos possam acordar e mudar de idéia. Não digo mudar seu credo, porque não é o caso, e sim deixar de lado o fanatismo. Esse será o norte do papado de Francisco. Ele trabalhará com muita humildade e simplicidade pela paz, para levar ares de espiritualidade profundos ao seio da Igreja e cuidar para que isso chegue a todos os homens, de todas as religiões.
Fonte: Clic 101
Por Gutemberg Stolze - imprensananet.com