Quando está na estrada ou em estúdio, o carioca Baldo Benny, 36, faz um único pedido à sua equipe. Viciado na maromba, precisa ter sempre por perto uma academia de ginástica —nem que sejam alguns halteres— e uma quadra de basquete, onde quica sua bolinha.
A paixão do cantor pelo esporte está nos versos da primeira faixa de seu novo disco, "#Sarniô", gíria corrente na favela da Maré, onde nasceu, que significa "fazer bem feito"--, que traz na capa um retrato multicolorido e cheio de formas assinado por Romero Britto.
No turbilhão de referências de "Benny e brow", Naldo, acompanhado do "irmão" Mano Brown, cita o astro LeBron James e os parceiros "Leandrinho Barbosa, campeão NBA" e "caboclo Varejão", além do jogador de futebol Emerson Sheik.
Antes, adapta versículo bíblico ("Hoje com o Mano Brown na pura sintonia/Se não tivesse amor de nada valeria"), denuncia que é "anormal pros PM dois pretos de BMW" para arrematar: "E o meu respeito máximo vem pra representar/Talento nato, Romero Britto é classe A".
Muita polêmica para uma música só? Não para um disco que também traz MC Guimê, Mr. Catra e o tremendão Erasmo Carlos. "A crítica não é fácil para ninguém. Mas faz parte", diz um descontraído Naldo, enquanto roça com os dedos seu inseparável trio de anéis de ouro, que compõem o visual de pulseira, relógio e calças "punk" rasgadas na altura do joelho.
"Mas (a parceria com Mano Brown) é uma coisa verdadeira. Polêmica é polêmica. Sempre vai existir. Até troquei uma ideia com ele sobre isso. Acho que tem a questão da opinião dos outros e o respeito."
Nos encontramos umas 20 vezes no decorrer do processo da música. Não que a música tenha ficado em menor plano, mas a gente acabou se tornando amigos. De confidenciar lances da vida. Uma relação forte. Hoje a gente tem amizade de irmão.
Naldo Benny, sobre a parceria com Mano Brown em "Benny e Brown"
Naldo não esconde. A ostentação faz parte de seu idioma "funk pop", que parece emular o clima festeiro de churrascos na piscina e baladas VIP. Mais "light" e evangélico desde a infância, o autor dos versos chiclete "Vodca ou água de coco/Pra mim tanto faz" pode até não repetir a marra dos colegas MCs paulistas, mas nem por isso deixa de fazer melodias sobre suas posses e sobre sexo.
"Existe a minha fé e existe meu lado profissional. Por eu ser muito desprendido, falo o que acontece dentro do meu trabalho, nos lugares onde eu vou tocar. As pessoas bebem, se desejam", diz Naldo, que, de álcool, só bebe vinho. E apenas em ocasiões especiais. Como a que espera um dia viver ao lado do rei Roberto Carlos.
"Eu tenho esta parada em comum com ele. Faço aniversário no mesmo dia. Até tenho um sonho de um dia participar de um lance dele."
Fonte: Uol
Por Gutemberg Stolze - Imprensananet.com