O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista à agência Reuters, que está sendo perseguido pelas instituições brasileiras e que “o sistema” prefere vê-lo morto a preso. A declaração foi feita nesta sexta-feira (18), após uma nova operação da Polícia Federal em sua casa e em seu escritório político, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu preso vou dar problemas para eles. Já passei pela morte mergulhando, saltando de paraquedas e na facada. O sistema me quer morto”, disse Bolsonaro, ao comentar o andamento das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022.
As medidas foram mantidas por maioria da Primeira Turma do Supremo em sessão virtual. Em nota, a defesa de Bolsonaro afirmou ter recebido as medidas com “surpresa e indignação”, alegando que ele sempre respeitou as ordens da Justiça. Durante a operação da PF, foram apreendidos dinheiro em espécie, um celular e um pen drive, encontrado em um banheiro da residência. Bolsonaro disse desconhecer o dispositivo e chegou a insinuar que ele poderia ter sido plantado: “Nunca abri um pen drive na vida. Nem tenho laptop em casa.” Mais tarde, voltou atrás: “Vou perguntar para a minha mulher se o pen drive era dela.”
O ministro Alexandre de Moraes justificou as medidas com base em indícios de que Bolsonaro teria atuado para interferir no processo eleitoral, instigar ataques às instituições e tentar obter benefícios políticos em troca de vantagens a governos estrangeiros. Em seu voto, Moraes citou Machado de Assis: “A soberania nacional é a coisa mais bela do mundo, com a condição de ser soberania e de ser nacional.” Bolsonaro classificou o uso da tornozeleira como uma “suprema humilhação” e reafirmou não ter participado de nenhuma tentativa de golpe.
Por - Gutemberg Stolze / Imprensananet.com