
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na terça-feira (2) que os bombardeios terrestres contra alvos ligados ao narcotráfico na América Latina começarão "muito em breve". A fala de Trump é mais nova ameaça de um ataque militar direto no Caribe em meio a escalada de tensões contra o regime venezuelano de Nicolás Maduro.
Em reunião de gabinete, Trump disse também que qualquer país que trafique drogas para o território norte-americano pode ser alvo de ataque.
"Eu quero que esses barcos sejam eliminados, e se preciso, vamos fazer ataques terrestres assim como fizemos no mar. (...) Essas pessoas mataram mais de 200 mil pessoas [nos EUA] no ano passado, e esses números estão baixando. Estão baixando porque estamos fazendo os bombardeios [a barcos], e vamos começar a fazer esses ataques por terra também. Por terra é muito mais fácil, sabia? Sabemos as rotas que eles tomam, onde vivem, sabemos tudo sobre eles, e vamos começar isso muito em breve também", afirmou Trump.
Trump não mencionou explicitamente a Venezuela, mas falou sobre os bombardeios terrestres em resposta a uma pergunta sobre os ataques a barcos no Caribe e no Oceano Pacífico que seu governo acusa estarem transportando drogas rumo aos EUA.
Na tarde desta quarta (3), o republicano repetiu a fala, dizendo novamente que os bombardeios das rotas terrestres usadas por traficantes começarão "muito em breve" e que "nós sabemos tudo sobre eles, todas as casas (onde eles moram)".
Desde setembro, os ataques a embarcações mataram mais de 80 pessoas e a maior parte das embarcações partiu da Venezuela, principal alvo da ampla escalada militar que Trump emprega no Caribe.
O governo Trump está considerando bombardear alvos militares dentro da Venezuela e já teria definido quais locais atacaria caso o presidente dê a ordem, segundo o jornal americano "The Wall Street Journal". Segundo a reportagem, os locais avaliados incluem portos e aeroportos controlados pelos militares e supostamente usados para o tráfico de drogas.
No final de novembro, Trump já havia falado que ofensivas terrestres na Venezuela devem começar "muito em breve", mas não deu mais detalhes. O presidente americano acusou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de chefiar o Cartel de Los Soles para justificar a escalada militar contra o país, e há a iminência de um ataque direto em território venezuelano, que seria sem precedentes.
Maduro acusa os EUA de utilizarem o tráfico de drogas, que tem um fluxo maior vindo de outros países da América Latina, como pretexto para tentar o tirar do poder. O presidente venezuelano tem respondido a todas as declarações de Trump na escalada de tensões, e já fez apelos públicos, como "no crazy war, yes peace", e privados, conversou por telefone com Trump e teve suas condições para deixar o poder recusadas, contra uma investida militar americana.
Perguntado sobre os bombardeios a barcos que os EUA acusam estarem transportando drogas no Caribe e no Oceano Pacífico, Trump defendeu os ataques, que segundo estão salvando milhares de americanos. Na reunião, Trump estava acompanhado do secretário de Guerra, Pete Hegseth, pivô de uma polêmica de possível crime de guerra em um dos ataques.
Hegseth afirmou que os americanos estão mais seguros porque os narcotraficantes latino-americanos sabem que serão mortos se tentarem trazer drogas aos EUA.
"Vamos eliminar essa ameaça, por mar ou terra, se necessário, e estamos orgulhosos em o fazer", afirmou.
Por - Gutemberg Stolze / Imprensananet.com